A lenda do trabalho para estudantes
IMPORTANTE UPDATE: Fernanda Squarzoni escreveu um post explicando o passo-a-passo do trabalho para estudante. É o primeiro post que vejo desde que o assunto surgiu que realmente explica o assunto de forma mais completa.
Ressaltando o alerta que a própria Fernanda dá, as vagas para esse tipo de trabalho são limitadas e as vezes o empregador nem sabe que isso é possível, deixo o link para vocês. Podem começar a leitura aqui e terminar lá, como preferirem.
Desde que anunciaram que estudantes poderão trabalhar em Malta muitas pessoas perguntam sobre isso. Assim que o assunto foi publicado, pesquisei em sites oficiais, para poder ajudar quem viesse com esse objetivo e as informações que vi foram decepcionantes.
Primeira questão básica é que só se pode pedir o visto para trabalhar depois de três meses. Como essa novidade foi lançada a menos de 3 meses (no momento em que escrevo), não há ninguém com experiência prática nisso.
O segredo do visto de trabalho para estudante está em examinar todos os detalhes das regras. Ocorre que o visto garante, segundo as regras, que o estudante possa “aplicar para permissão de trabalho”.
O que está divulgado nas regras:
- Como aplicar para o visto de trabalho para estudantes
- As limitações do trabalho para estudantes
O que não está divulgado:
- Após conseguir o visto, como aplicar para a permissão de trabalho (work permit)
A necessidade da permissão de trabalho está explicita nas regras, mas a forma de aplicar para ela como estudante não está em lugar algum.
Nesse caso, naturalmente, a aplicação para a permissão de trabalho de estudante segue o mesmo fluxo de uma aplicação normal.
A permissão de trabalho – work permit
O pedido de permissão de trabalho em malta segue regras exigidas pela união européia. Isso determina que cidadãos malteses e europeus tem preferência em todas as vagas de emprego.
Como conseqüência, quando alguém não-europeu pede permissão de trabalho, o empregador precisa provar que não existe nenhum maltês ou europeu adequado para a vaga. Isso é feito freqüentemente com uma combinação de publicação de anúncios da vaga (sem que ninguém responda) e as qualificações do candidato.
Tendo descrito isso, creio que já fica claro o quanto o processo é trabalhoso, fora o custo. Exatamente por isso é muito difícil encontrar um empregador disposto a passar por esse processo por você, em especial se você estiver procurando trabalhos mais simples e manuais, como garçom ou lavador de pratos, para os quais em geral sempre se encontra malteses ou europeus disponíveis.
Conclusão
Da forma como está, o visto de trabalho de estudante culmina em uma situação impossível, o estudante podendo trabalhar e sem conseguir empregador.
Se, por algum motivo, o estudante conseguir um empregador, porque deveria aplicar para uma work permit de estudante, cheia de limitações, e não uma normal que não tenha essas limitações e nem necessita do visto de estudante?
As regras nem mesmo fazem sentido, mas são muito divulgadas, pois atraem público interessado em intercâmbio. O segredo é ler as letras miúdas.
É possível e até provável que essas regras sejam revisadas em pouco tempo, considerando até mesmo a falta de sentido delas. Mas até lá, eu não contaria com o ovo no c* da galinha.
Update e Referências
Passei alguns dias navegando em sites e documentos do governo para concluir isso e chegar nesse resumo, mas ainda assim aparecem iludidos em nosso grupo do whatsApp que acreditam que isso funciona.
Eis duas referências:
Nesse link (https://identitymalta.com/student-applications/), você pode ler claramente : “may apply for request a work permit from Jobsplus”, significando que depois de ter vencido todos os requisitos do visto de estudante ai sim você vai poder aplicar para uma work permit com o jobplus.
Nesse outro link (http://ese-edu.com/student-zone/work-while-studying-in-malta/), você também lê: “only with a valid work permit/licence”.
Você pode acreditar que o governo de Malta criou esse loophole por simples desorganização e desconhecimento, ou para criar um meio de incentivar a vinda de estudantes mesmo sem realmente abrir as portas.
Mas se optar por se iludir e continuar acreditando nisso, pelo menos faça o favor de não espalhar ilusão.
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